segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A minha Geração

No outro dia estava a conversar com um amigo sobre a nossa geração, aquela que agora se encontra a entrar na casa dos 30.
Que a mesma era fantástica e que tinha muito valor, lá concordei pois somos, tal como disse um jovem da nossa geração, João Tiago, os portugueses mais bem preparados de sempre, somos o resultado do estado social, um avanço em relação às gerações anteriores, temos mais preparação que nossos pais, nossos avós, pensamos por nós, somos mais críticos e capazes de alcançar algo que eles nem sonhavam ser possível alcançar, partimos do resultado do seu trabalho e almejamos mais, muito mais...
Somos no entanto uma geração de mãos atadas, não limito esta geração apenas à “geração nem nem”, nem trabalho nem emprego, somos mesmo uma geração em pleno desperdício, muitos dos jovens que agora estão a entrar nos 30, estão desacreditados, estão sem forças por não conseguiram o que outros conseguiram, encontram-se frustrados, desmotivados e sem ver uma luz ao fundo do túnel, sem emprego, sem hipóteses de constituir família, acabando muitas das vezes por pôr em causa o seu próprio valor, as suas capacidades…
Não têm hipótese de demonstrar as suas qualidades e serão paulatinamente ultrapassados pela próxima geração, pois quando for a nossa vez de mostrar o que valemos, teremos a concorrência daqueles que já lá estão e daqueles que são 10 anos mais novos que nós, com mais força, mais vontade, mais querer, com a rebeldia que nós tínhamos nessa altura mas que aos poucos se foi perdendo, sem conseguirmos alcançar o que desejávamos e queríamos fazer. Muitos de nós continuam a viver com os pais, em trabalhos precários, na rotina própria de quem tem a vida feita mas sem a ter.
Somos uma geração desperdiçada, aquela que não beneficiou das novas oportunidades nem dos maiores de 23, somos a geração do pré Bolonha, que em nada beneficia com isso; antes pelo contrário pois em alguns casos concorremos como licenciados, em igualdade com os licenciados de 3 anos e em situação de desvantagem para quem tem 5 anos de ensino superior como nós, porque somos apenas licenciados.
Um amigo um pouco mais novo que eu que entrou no ensino superior pelos maiores de 23, em tom de brincadeira mas a falar a serio lá me disse, “pois é daqui a 3 anos somos os 2 doutores, e quando estivermos a dar uma conferência lá estaremos a ser identificados, tu dr. Pedro e eu dr. Emanuel (nome fictício).
No entanto o mais grave para mim, é que somos uma geração calma pacífica, desabituada a lutar pois o estado social deu-nos tudo, não temos palavras de ordem nem de descontentamento, porque o “tem que ser” sobrepõe-se a tudo.
Está na hora de dizer basta, eu não quero nem me vou desaproveitar, não quero nem vou passar ao lado da vida, temos que reivindicar aquilo para o qual lutamos, está na hora de acordar e de lutar pelo nosso lugar na sociedade, que não é nem pode ser nos centros de emprego nem em casa dos nossos pais.

2 comentários:

  1. "Está na hora de dizer basta, eu não quero nem me vou desaproveitar, não quero nem vou passar ao lado da vida, temos que reivindicar aquilo para o qual lutamos, está na hora de acordar e de lutar pelo nosso lugar na sociedade, que não é nem pode ser nos centros de emprego nem em casa dos nossos pais."

    Penso que este paragrafo diz tudo. É triste, mas é verdade... Mas tenho a certeza, que tu, eu, e todos os que querem o bem de todos nós,vamos conseguir alterar o rumo... e virar na direcção certa. Um abraço. Um post 5 Estrelas

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  2. Camarada, como tem razão no que diz? Mas que podemos fazer? um abraço

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